segunda-feira, 4 de junho de 2012

É plantando que se cresce!



Em um mundo totalmente vinculado ao consumo excessivo de produtos, de imagens, de mentiras, de estilos de vida insustentáveis, a educação sempre será a solução. Mostrando a alunos da rede pública de municípios periféricos a região metropolitana do Rio de Janeiro é possível construir um futuro em suas pequenas mentes. O projeto que construí com Pâmela Mizurini intitulado "É plantando que se cresce!" atingiu hoje cerca de 1000 alunos e me sinto satisfeito de ter conseguido plantar essa semente em seus pequenos corações.

Eis um pouco sobre o projeto:



até,
JJ

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Amigos são amigos. O resto... é o resto...

"Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.

Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.

Deles não quero resposta, quero meu avesso.

Que me tragam dúvidas e angústias, e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco.

Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.

Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.

Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.

Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.

Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.

Não quero amigos adultos nem chatos.

Quero-os metade infância e outra metade velhice!Crianças, para que não

esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.

Tenho amigos para saber quem eu sou.

Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril."

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Como fingir ser importante?

Uma homenagem a vocês que provavelmente se identificaram lendo essas humildes frases. Esse ensaio vai para vocês...

As pessoas andam em busca de soluções fáceis. Querem receitas e listas para tudo, de pratos rápidos a teses de pós-doutorado, passando por instruções para conserto de carros e se comportar corretamente nas empresas. Querem a lista facilitada de posições do Kama Sutra; os fundamentos rápidos da metafísica e do futebol; as senhas para todos os sistemas possíveis; os atalhos para ganhar o primeiro bilhão. Eu poderia mandar todos para aquele lugar que se chama Google search. Lá, todo mundo sabe, você pode achar que encontra tudo e mais um pouco. Mas talvez ainda eu tenha algo a dizer a respeito de como escrever mal, que é o melhor caminho para fazer amigos, influenciar otários e galgar postos. De que serve a correção de estilo, se os tolos se impressionam com alguns macetes que vou revelar? Com eles – os tolos e os macetes – você poderá triunfar nas festas literárias, vencer concursos e se dar bem nas feiras de networking de autores.

Vamos direto ao essencial: o que vale não é escrever bem, mas fingir escrever bem. É quase tudo assim na vida, pois mais vale cacarejar que botar o ovo. Ao longo da história da cultura, a muleta se revelou mais útil que o pensamento claro. Por isso, vou citar de cara o escritor inglês George Orwell. Na sua crônica “A política e a língua inglesa”, publicado no Payment Book em 11 de outubro de 1945, e no Horizon, em abril de 1946 – agora republicado no volume Como morrem os pobre e outros ensaios, organizado por João Moreira Salles e Matinas Suzuki Jr., edição da Companhia das letras - Orwell fez uma lista de “vários dos truques por meio dos quais o trabalho de construção da prosa é habitualmente evitado”. Isso para depois dar seus seis conselhos para o bem escrever. Como se trata de um texto antigo, o tempo fez reverter quase tudo o que ele aconselhou. O que vale agora é quase exatamente o inverso dos seis pontos de Orwell. Por isso, devo usar suas dicas como maus exemplos. Pois elas servem, no máximo, para escrever para revistas, não para vencer na literatura – que é o que queremos, certo? Então, vamos lá. Anote aí – ou melhor, recorte e cole aí meus oito truques para escrever livros, dar palestras e conversar com o pessoal nas festas literárias. Procure segui-los na ordem.

1. Cause efeito. Ou simplesmente cause. Diga algo bem polêmico que tire o ar do leitor ou da audiência. Tire do nada, sem propósito. Um bom recurso é usar o método da autoficção, transformando-se você mesmo um herói do romance da vida. Misture uma atividade intelectual a outra pedestre. Diga que você medita sobre o ser-aí de Heidegger enquanto corre ou joga bola. Isso vai encantar. Ou então faça controvérsia. Discuta qualquer tema, mas por um ângulo inesperado. Faça de você mesmo um mito. Use de seu charme pessoal para fazer o marketing literário ideal.

2. Hipnotize seu interlocutor. Esta parte é importante. Conquiste a presa elogiando-a, chamando-a para si. Num romance, pegue o leitor pela mão e o carregue para uma história cheia de detalhes apimentados. Pisque para ele, com uma gracinha ou ironia quaisquer. Numa palestra, leia um trecho de seu texto com voz grave e tom oracular, como se estivesse lendo seu testamento estético. Faça o ouvinte sentir o enlevo de uma oração longa e sentimental.

3. Seja irrelevante. Diga abobrinhas à vontade, porque assuntos inúteis criam empatia com seu interlocutor, público ou leitor. Escolha um assunto bem banal. Pode ser a filosofia de seu cachorro, como despir o ser amado ou a beleza de uma certa modelo. Podem ser dicas de viagem, de como preparar um omelete ou bebericar um vinho caro. O importante aqui é surpreender a patuleia. Não adianta ser irrelevante sem causar espanto. Por exemplo: se o seu cão é filósofo, declare que você descobriu que ele, na verdade, plagiou o Tractatus logico-philosoficus de Ludwig Wittgenstein ou O mundo como vontade e representação (Die Welt als Wille und Vorstellung), de Arthur Schopenhauer. Cite-os em alemão. E explique as razões que o levaram à conclusão. Faça uma denúncia grave contra o animal. Demonstre cada ponto. E assim por diante. Não deixe por menos.

4. Faça-se de vítima. Diga ou escreva que você ou seu personagem sofreu “bullying” na infância, junto aos pais, na escola ou com amiguinhos malvados. Não use termos vernaculares como “fui perseguido” ou “sofri agressão”. Diga “bullying” que tudo fica mais moderno e compreensível. Invente um episódio sinistro e conte detalhes de como os adultos maltratavam você quando criancinha, em detalhes os mais escabrosos. Demonstre que você sofre agora mais do que nunca como o ocorrido. Isso o livrará de quase todo o confronto. Uma vez vitimizado, você pode tudo.

5. Use metáforas, símiles e figuras de linguagem que todos conhecem de ouvido, mas cujo significado não conhecem bem e, por conseguinte, causem impressão. Não há nada mais eficaz que uma imagem surrada, metáforas moribundas e cretinas. Use-as para que ninguém se sinta excluído. Nestes tempos politicamente corretos e de inclusão social e ecológica, é preciso se fazer entender. Cuidado para não se valer de figuras antigas, como “misturar alhos com bugalhos” ou “caiu na rede é peixe”. São metáforas que de tão velhas se tornaram originais. Prefira falar de um “mundo sustentável”, de “governança corporativa”, “inovações tecnológicas” e “sinalização de tendências”. Tudo tem que ser “emblemático” e, melhor ainda, “paradigmático”.

6. Não economize pretensão. Seja metido a besta, fale de sua última viagem a Londres ou Shangai e cite os jornais certos. Não valem os nacionais. Impressione-os com seu conhecimento, mesmo e sobretudo se você não tem nenhum. Quanto menos você conhecer, mais fácil será simular que conhece. Esganje notas de rodapé (tenha em mente que o David Foster-Wallace ficou famoso assim) ou digressões (Laurence Sterne do Tristram Shandy, ou Brás Cubas do Machado, lembra?). Valha-se de expressões estrangeiras ou mesmo barbarismos. Mostre que é categórico em algumas afirmações fortes. Cite os intelectuais da moda (por exemplo, Jacques Derrida e Roland Barthes caíram em desuso já faz tempo, não ouse mencioná-los, pois agora os quentes são Giorgio Agamben, Slavoj Zizek ou Christopher Hitchens). Não adianta apenas mostrar o nível avançado em filosofia ou economia política; é preciso estar antenado com as tecnologias de ponta, com o Twitter, o Tumblr etc. Conte uma piada para exibir o quanto você sabe sobre scripts dinâmicos que você ou seu personagem usa no seu blog. Isso vale para livros de ficção, não-ficção, autoajuda e infanto-juvenis. Vale também para conferências, chats e bate-papos virtuais ou não.

7. Degrade a língua. Você estará fazendo um serviço à ecologia. Desgaste as expressões mais usadas como se as tivesse engastando-as no mais perfeito poema parnasiano. Corrompa a sintaxe, use expressões estrangeiras, transforme o idioma em um instrumento para seu uso, e sob seu domínio. Faça as locuções pré-fabricadas tomarem conta do discurso. Se houver uma expressão mais clara, corte-a imediatamente, para que a simulação não seja descoberta. Abuse de termos estrangeiros, principalmente em inglês. Jamais se faça as seguintes perguntas: o que estou tentando dizer? Que palavras vou usar? Que imagem ou expressão idiomática deixará meu texto mais claro? Pule essas questões embaraçosas e vá em frente.

8. Desobedeça todas as regras acima, em caso de desvantagem. Se você observar que não está sendo popular, então infrinja tudo o que arrolei anteriormente. Vire um sábio de verdade, corte as palavras inúteis, represente seriedade, finja sentir a dor que deveras sente. Qualquer coisa para reverter as expectativas. Siga o venerando tuíte de Goethe: “Seja transgressivo, e os deuses o abençoarão”. Pelo menos é assim que os programadores linguísticos gostam de fazer: no final de uma lista, quebrá-la. Funciona.

Sim, a vida é dura. Não basta apenas saber de cor as dicas, mas também se desfazer delas quando necessário. A constante busca de aperfeiçoamento e inovação na literatura e nas festas literárias nos obriga a recorrer a todo tipo de ferramenta retórica. Não se esqueça de que você estará sendo medido em cada um de seus neurônios. Por isso, busque o efeito correto para cada situação. Faça mentiras soarem verdadeiras, faça a ignorância parecer conhecimento. Substitua o estilo genuíno pelo chavão mais acachapante. Se preciso, em ultima instância, tente ser original, fingindo que finge. Mas cuidado para não por tudo a perder por excesso de zelo. Não brilhe demais para não ofender os outros – e, principalmente, os críticos.

(Luís Antônio Giron)

domingo, 8 de maio de 2011

Epifanias sobre a Geografia e a História: vai que...


Preparei esse pequeno argumento para justificar uma proposta de mestrado. Vamos ver o que vai acontecer...

O papel Estado na construção do espaço sempre me cativou muito. Não só no espaço urbano ou agrário, mas na construção de toda a relação entre estados e suas questões hegemônicas tanto na Geografia Política como na GeoPolítica. Estudando História não tenho deixado de notar que não se trata apenas "do estudo dos homens no tempo" (como dizia Marc BLOCH), trata-se do estudo dos homens no tempo e sua relação com o espaço geográfico. Agora, trata-se de um espaço pretérito e de informações fragmentadas que precisam de uma ótica Geográfica para serem compreendidas. Algo que, no meu ver, os historiadores fazem de uma certa forma empírica e sem muito rigor conceitual (misturando, os conceitos de Espaço, Terrítório, Região, Lugar e paisagem). Então a minha proposta inicial é de aproximar o que não deveria ter sido separado: a Geografia e a História (a relação da sociedade com o espaço e o tempo) para um compreenção mais "completa" do que deveríamos compreender (o qual não estou certo, mas isso é outro assunto).

sem mais (por enquanto),

JJ


imagem: Pintura de Johannes Vermeer - O Geógrafo (1669)

sábado, 26 de março de 2011

Quem diria Jacoh...

Novas metodologias surgem com a prática de antigos métodos. Essa frase representa bem o que tenho vivido com meus alunos da prefeitura. Sei que eles tem sido alvos constantes de assuntos desse meu singelo blog mas... tentem entender. Isso é uma experiência completamente nova para mim!

Mas estou me adaptando bem... bem melhor do que imaginava. Descobri que para mante-los quietos é preciso mante-los ocupados. Muitos trabalhos de casa, muito quadro, não pode se dar descanso a eles. Eles copiam muito devagar oque me dá mais tempo que o suficiente para a aula propriamente dita. Funcionou como uma luva e ainda tem o adcional de conservar a minha voz, já que eles ficam quietinhos escrevendo. Enfim, sacrificar uns 20 minitos da minha aula parece ser um preço bem pequeno a se pagar.

Sobre a indisciplina, precisei ser extremamente intolerante a ela. Política da tolerancia zero tem dado resultados. Me transformei no ditador que sempre odiei, mas com o benefício de ser adorado pelos alunos que realmente querem estudar. Esses 40% do alunado tem feito TODOS os exercícios com perfeição. São alunos que entenderam a importancia dos estudos para sua vida cotidiana. É o meu maior prazer ve-los estudar e crescer com o passar das pesquisas enviadas para casa.

Como diz a senhorita Nina do outro blog: "fica a dica..."

JJ

terça-feira, 1 de março de 2011

Lista "amiga" de presença

Eu pensei em começar essa postagem com o título: "Filho de peixe, peixinho é...". Mas a reunião com os responsáveis não ocorreu como eu havia previsto. Simplesmente pelo seguinte motivo: Os pais que deveriam comparecer, não vieram. Os pais dos alunos mais bagunceiros não se importam se os filhos vão bem ou mal na escola! Apenas os pais dos melhores alunos compareceram, oque não fez jus a realidade que eu apresentei a eles. Mas de qualquer forma, já estou cada vez mais por dentro da realidade do meu corpo discente. Não posso deixar esses alunos serem prejudicados por uma minoria que simplesmente não quer aprender.

Mas esse post não sobre isso. Esse post é para relatar um fato deveras importante que ocorreu neste mesmo dia. Aproveitando a inspiração de uma colega da equipe de Portugues. Passei uma lista de presença entre os alunos do 7º ano (1 turma) e 8º ano (2 turmas). Não sei se era por ser o último tempo, ou se realmente a turma é agitada. De qualquer forma a 2ª turma do 8º ano avacalhou a minha lista fazendo desenhos de baixo calão e e comentários desrespeitosos ao professor.



Sabe, normalmente eu ficaria muito puto com isso... Mas eles foram extremamente inteligentes e só descobri a avacalhação depois da aula. Pois eles colocaram a lista de presença dentro da minha apostila! Inteligência usada para o mal é inteligência?
Enfim, achei de certa forma graça do episódio decorrido. Não porque compactuo com os alunos (muito longe disso), mas porque eles estão perdidos na minha mão. Vou retaliar, com o bom estilo disciplinador/aterrorizador! Eles mal perdem por esperar...
=D

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Nada fácil...

Fato: estou perdendo o controle sobre minhas turmas do E.M. Pracinha João da Silva. Acho que o sistema Talibã de Ensino não está dando certo...
...
Tá bom, eu acho que não estou aplicando o sistema direito. Acho que estou sendo muito mole com os alunos. Estou fazendo minha mea culpa com justificativa: nunca tive turmas tão agitadas, ou turmas desse nível de formação (segundo segmento do ensino fundamental).
...
Sempre fui um professor do tipo de diálogo com os alunos, debates e outros tipos de interação. Não poder dialogar com as turmas é muito diferente para mim. Estou tentando adaptar minha didática, mas não é fácil.
Hoje simplesmente não consegui dar aula na minha turma de nono ano (antiga 8ª série). Dois alunos pentelharam a minha aula com total falta de respeito.
=/
Enfim, vou conversar com com os responsáveis segunda feira em uma reunião de responsáveis. Fui aconselhado pela diretora a ser bem mais rígido (mas não tá sendo fácil).
Quem disse que ia ser fácil...